O Paço Real
O Paço Real localiza-se na zona central do monumento e encontra-se parcialmente arruinado.
A residência régia era composta por um conjunto de edifícios de várias épocas, articulados em torno de pátios e unidos por escadas e varandas.
A norte, o palácio comunicava com o castelo medieval e ainda se vê, na torre do Paço, um arranque de arco que fazia a união com o ângulo sudoeste do Castelo onde existiu, igualmente, uma zona habitacional.
As primeiras notícias que temos deste palácio datam do século XIII. Em 1264 e 1277 o Paço era conhecido como o paço do Senhor Afonso, ilustre rei de Portugal e dos Algarves. Assim, crê-se ter sido D. Afonso III o impulsionador senão da sua construção pelo menos de uma grande campanha de obras. Desconhece-se qual seria, nesta época, a arquitetura deste palácio. A primeira representação iconográfica bem como a descrição mais pormenorizada, datam do século XVI (1512-1520), e remetem-nos para um edifício dinâmico, com muitas intervenções posteriores promovidas por monarcas como D. Fernando, D. João I, D. Afonso V e D. Manuel, que foram alterando e acrescentando o projeto inicial.
Faziam parte deste palácio, a sala principal, as câmaras régias, a capela de S. Miguel, a cozinha com a escançaria (lugar onde se distribuía o vinho) e as casas de reposte (lugar onde se guardavam móveis, pratas).
A sala principal, com uma área de cerca de 480 m², era uma sala bastante ampla comparando com outras salas de palácios régios peninsulares e europeus.
Depois da decisão de D. Manuel I, em 1505, de mudar a residência real para a parte baixa da cidade, e do abandono definitivo, no final do século XVI, este edifício foi sendo ocupado militarmente e adaptado a outras funções.
É precisamente no que resta deste conjunto construtivo que se instalou o Núcleo Museológico, onde se expõe um conjunto de peças provenientes das escavações arqueológicas da Praça Nova, e de outros edifícios apostos ao monumento que, numa determinada altura da história, também fizeram parte do conjunto edificado da alcáçova.
Através de uma porta monumental, de perfil ogival, reconstituída no século passado e aberta na fachada principal, acede-se à Sala Ogival.
A arcaria interior, disposta longitudinalmente, com arcos ogivais apoiados em pilares octogonais, é intercetada, ao fundo, à esquerda, por um arco abatido de uma campanha posterior e que reconfigurou este amplo espaço.
Uma segunda porta ogival dá acesso a outra sala, conhecida como Sala das Colunas.
Acedendo-se por uma porta ogival encimada por esfera armilar, a Sala das Colunas é uma sala reconstruída no período moderno e que aproveitou parte da antiga construção medieval do Paço Real.
Os quatro pilares centrais de cantaria de pedra calcária, de seção quadrangular, sustentam uma excecional abóbada em tijolo. Pelas características construtivas desta dependência percebe-se que sofreu uma grande transformação no século XVII ou mesmo no XVIII.
Um pórtico localizado na sala das Colunas dá acesso a uma sala ampla que terá sido transformada em cisterna numa época tardia, possivelmente no século XVIII.
As características construtivas das paredes exteriores do edifício, sobretudo as do lado ocidental, apontam-nos para uma construção ou reconstrução dos finais do século XV, inícios do XVI, de que destacamos as janelas biseladas e em capialço, o embasamento em pedra aparelhada de silhares de grandes dimensões e uma grande lareira hoje tapada pelas vitrines do Museu e que documenta um incremento no conforto habitacional, em dada altura do tempo.
A cisterna é constituída por um reservatório de grandes dimensões, com abóbada de canhão em tijolo, dividida em 7 tramos, onde se rasgam aberturas circulares que permitiram à população do Castelo o abastecimento de água.
Documentada desde o século XIII, a Capela de S. Miguel foi instituída pelo rei D. Dinis e fazia parte do Paço Real.
Nos finais do século XV, D. João II empreendeu obras e dotou-a de novas alfaias e de novo mobiliário. Em meados do século XVII, um cronista descreveu-a como tendo um retábulo dedicado a S. Miguel Arcanjo, tapeçarias, coro com as suas cadeiras, sacristia e claustro.
Desconhecemos, contudo, a sua arquitetura. Da capela-mor restaram os alicerces da sua abside e da nave que, de alguma forma, nos permitem ter uma noção da sua dimensão. A porta principal dava para o pátio das colunas que articulava uma parte dos edifícios do palácio.