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O Monumento Nacional

As Cercas

Muralhas © Sergiy Scheblykin

O Castelo de São Jorge integra-se num extenso sistema defensivo de origem bastante antiga, e surge imponente no topo de uma colina sobre o rio Tejo.

A primeira notícia escrita que se conhece sobre a existência de uma fortificação, nesta zona da cidade, remonta a 985 dC. Trata-se de uma epígrafe árabe que testemunha a reparação da muralha da cidade de Lisboa, na época de Hišām II, sob o patrocínio do célebre governador do Al–Andaluz e grande militar, Almançor. 

Esta epígrafe – uma estela romana reaproveitada na época islâmica – encontra-se exposta no Museu da Cidade e foi encontrada, em 1939, entre duas torres, na zona ocidental do Castelo de S. Jorge.

É provável que estivesse encastrada na muralha ou sobre uma porta que aqui pudesse ter existido.

As obras documentadas neste texto e o local onde a mesma foi recuperada, bem como as descrições dos geógrafos e os relatos dos cruzados do século XII, confirmam a existência de uma cidade murada que se estendia até ao rio e uma alcáçova, situada no ponto mais alto, cingida, igualmente, por uma cintura de muralhas. 

Era nesta alcáçova fortificada que residiam as elites políticas, militares e religiosas no tempo da dominação islâmica.

Cerca Moura

O Castelo de São Jorge integra-se num extenso sistema defensivo de origem bastante antiga, e surge imponente no topo de uma colina sobre o rio Tejo.

Se é possível, à semelhança de outros povoados da Idade do Ferro no ocidente peninsular, que a Lisboa pré-romana estivesse defendida por uma muralha, nenhum elemento concreto, indiciador dessa primitiva construção, foi ainda identificado.

As muralhas mais antigas identificadas em Lisboa remontam ao período romano e indiciam uma cidade que se estenderia do topo da colina até à zona ribeirinha, e que encontrava os seus limites naturais, a ocidente, no esteiro da baixa, e a oriente, na própria topografia que oferecia declives muito acentuados.

Se se conhece relativamente bem o traçado destas muralhas – a imperial e a tardia –, nomeadamente na zona oriental e Sul, o seu limite Norte, ou seja, onde se encontra o Castelo, permanece desconhecido.

Assim, sabemos com certeza, que o perímetro do monumento nacional integra, em parte, as muralhas de origem islâmica, nomeadamente as da alcáçova, e toda esta zona teria sido, nesse tempo, área residencial das elites políticas, militares e religiosas.

A primeira notícia escrita que se conhece sobre a fortificação da cidade de Lisboa remonta a 985 dC. Trata-se de uma epígrafe árabe que testemunha a reparação da muralha da cidade, na época de Hišām II, sob o patrocínio do célebre governador do Al–Andaluz e grande militar, Almançor. 

Esta epígrafe – uma estela romana reaproveitada na época islâmica – encontra-se exposta no Museu da Cidade e foi encontrada, em 1939, entre duas torres, na zona ocidental do Castelo de S. Jorge.

É provável que estivesse encastrada na muralha ou sobre uma porta que aqui pudesse ter existido.

As obras documentadas neste texto e o local onde a mesma foi recuperada, bem como as descrições dos geógrafos e os relatos dos cruzados do século XII, confirmam a existência de uma cidade murada que se estendia até ao rio e uma alcáçova, situada no ponto mais alto, cingida, igualmente, por uma cintura de muralhas. 

A fortaleza foi conquistada por D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, em 1147.

Muralha Fernandina

Mais tarde, por iniciativa do rei D. Fernando, ampliou-se a linha de muralhas da cidade de Lisboa, a Oeste e Este da Cerca Velha ou Cerca Moura, com o objetivo de proteger a cidade em expansão.

Esta nova muralha, construída em 1373, tinha 46 portas e 77 torres.

No ângulo da muralha Oeste com a muralha Sul do Castelo de S. Jorge, parte um troço da muralha que desce a encosta rumo a Sudoeste e onde se situa a Torre de São Lourenço que protegia uma porta, entretanto desaparecida.

Este troço de muralha e o troço que delimita uma parte da Praça Nova, integram as obras de ampliação e reforço da defesa de Lisboa, que o rei D. Fernando empreendeu.

Esta nova cintura de muralhas é comummente conhecida como muralha fernandina evocando o monarca que a promoveu e patrocinou.

Porta de São Jorge
Porta de São Jorge
© Sergiy Scheblykin

Corresponde à porta principal do recinto da Alcáçova que seria inicialmente localizada um pouco mais acima que a atual. 

A sua representação iconográfica mais antiga remonta ao século XVI.

Reconstruída em 1831 a obra só foi terminada 15 anos depois, já no tempo da rainha D. Maria II.

A porta é constituída por um arco de volta perfeita, decorada com mármores que pertenceram a uma das capelas do convento dos Lóios e rematada por uma pedra de armas reais.

Sobre o fecho do arco ainda se conserva a inscrição 4 / 4º / 1846 / D. Maria II e nas paredes exteriores outras duas dedicadas ao Duque da Terceira e ao Conde de Tomar.

Porta do Espírito Santo
Porta do Espírito Santo
© Sergiy Scheblykin

Porta de configuração ogival e de arestas biseladas sobrepujada pela esfera armilar do rei D. Manuel (1495-1521). A porta é ladeada por muros com seteiras, onde se encontra, na face exterior do muro, do lado esquerdo, uma pedra de Armas de D. Afonso III.

Porta de Santa Cruz
Porta de Santa Cruz
© Sergiy Scheblykin

Porta de configuração ogival e de arestas biseladas rematada por pedra armoriada real, seiscentista.

Localiza-se junto ao Núcleo Arqueológico (Praça Nova) e dá acesso à Igreja de Santa Cruz. 

O templo teria sido edificado no tempo de D. Afonso Henriques sobre uma antiga mesquita. Caiu com o terramoto e foi reconstruído em 1776. A torre sineira da Igreja de Santa Cruz é uma torre da cerca do Castelo, adaptada.

Porta Norte
Porta Norte
© Sergiy Scheblykin

Porta localizada da zona Norte da cerca, junto ao ângulo nordeste do Castelo, encostada à Torre da Cisterna.

A porta, de arco redondo, foi descoberta e desentulhada durante as obras de 1939.

Documenta um acesso importante, por este lado da fortaleza, que podemos relacionar com um via, hoje desaparecida, que ligava a alcáçova ao arrabalde Norte da cidade.

 É uma das portas da Alcáçova.

Porta do Martim Moniz
Porta Martim Moniz
© Kenton Thatcher

A Porta do Moniz é uma antiga porta da cerca Moura e uma das portas de acesso à Praça Nova do Castelo de São Jorge.

Está associada a uma lenda que enaltece o feito de um cavaleiro português que, ao ter permanecido nesta entrada da muralha, entre as portas de madeira e resistido até à morte, permitiu a entrada do exército português na praça-forte.

Esta narrativa, que fez parte, por certo, da memória social, é hoje muito difícil de comprovar e foi contestada por muitos historiadores. 

No entanto, a Porta do Moniz já tinha esta denominação numa escritura do tombo da Igreja de Santa Cruz do Castelo, datada de 1258.

Quem era Martim Moniz?

Busto Martim Moniz
© Kenton Thatcher

Martim seria filho de Monio e talvez se trate do filho de Monio Osorez de Cabrera e Maria Nunes de Grijó. Martim teria casado com Teresa Afonso que alguns genealogistas supõem ser uma filha bastarda de D. Afonso Henriques.

Considerado como o progenitor da família dos Vasconcelos, na segunda metade do século XVII, com o advento da nova dinastia que pôs fim ao domínio castelhano e numa altura em que o Castelo ocupou um lugar proeminente na propaganda mitificada de um Portugal que convinha glorificar através dos seus episódios gloriosos e dos seus heróis, João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa, figura destacada no contexto da Restauração, mandou colocar uma placa sobre a porta, onde se lê:

EL REI DO[M] AFONSO HENRIQUES MANDOU AQUI / COLOCAR ESTA STATUA E CABEÇA DE PEDRA EM / MEMÓRIA DA GLORIOSA MORTE QUE DO[M] MARTI[M] / MONIS PROGENITOR DA FAMÍLIA DOS VASCON/CELOS RECEBEU NESTA PORTA QUANDO A TRA/VESANDOSE NELA FRANQUEOU AOS SEUS A EN/TRADA COM QUE GANHOU AOS MOUROS ESTA / CIDADE NO ANO DE 1147.

JOÃO ROIZ DE VASCONCELOS E SOUSA CONDE DE CAS/TEL MELHOR SEU DÉCIMO QUARTO NETO POR BARO/NIA FES AQUI POR ESTA INSCRIPÇÃO NO ANNO DE 1646.

Sobre a lápide, num nicho, foi colocada, em tempo incerto, uma cabeça de uma estátua em mármore, representando Martim Moniz.