As Cercas
O Castelo de São Jorge integra-se num extenso sistema defensivo de origem bastante antiga, e surge imponente no topo de uma colina sobre o rio Tejo.
A primeira notícia escrita que se conhece sobre a existência de uma fortificação, nesta zona da cidade, remonta a 985 dC. Trata-se de uma epígrafe árabe que testemunha a reparação da muralha da cidade de Lisboa, na época de Hišām II, sob o patrocínio do célebre governador do Al–Andaluz e grande militar, Almançor.
Esta epígrafe – uma estela romana reaproveitada na época islâmica – encontra-se exposta no Museu da Cidade e foi encontrada, em 1939, entre duas torres, na zona ocidental do Castelo de S. Jorge.
É provável que estivesse encastrada na muralha ou sobre uma porta que aqui pudesse ter existido.
As obras documentadas neste texto e o local onde a mesma foi recuperada, bem como as descrições dos geógrafos e os relatos dos cruzados do século XII, confirmam a existência de uma cidade murada que se estendia até ao rio e uma alcáçova, situada no ponto mais alto, cingida, igualmente, por uma cintura de muralhas.
Era nesta alcáçova fortificada que residiam as elites políticas, militares e religiosas no tempo da dominação islâmica.
O Castelo de São Jorge integra-se num extenso sistema defensivo de origem bastante antiga, e surge imponente no topo de uma colina sobre o rio Tejo.
Se é possível, à semelhança de outros povoados da Idade do Ferro no ocidente peninsular, que a Lisboa pré-romana estivesse defendida por uma muralha, nenhum elemento concreto, indiciador dessa primitiva construção, foi ainda identificado.
As muralhas mais antigas identificadas em Lisboa remontam ao período romano e indiciam uma cidade que se estenderia do topo da colina até à zona ribeirinha, e que encontrava os seus limites naturais, a ocidente, no esteiro da baixa, e a oriente, na própria topografia que oferecia declives muito acentuados.
Se se conhece relativamente bem o traçado destas muralhas – a imperial e a tardia –, nomeadamente na zona oriental e Sul, o seu limite Norte, ou seja, onde se encontra o Castelo, permanece desconhecido.
Assim, sabemos com certeza, que o perímetro do monumento nacional integra, em parte, as muralhas de origem islâmica, nomeadamente as da alcáçova, e toda esta zona teria sido, nesse tempo, área residencial das elites políticas, militares e religiosas.
A primeira notícia escrita que se conhece sobre a fortificação da cidade de Lisboa remonta a 985 dC. Trata-se de uma epígrafe árabe que testemunha a reparação da muralha da cidade, na época de Hišām II, sob o patrocínio do célebre governador do Al–Andaluz e grande militar, Almançor.
Esta epígrafe – uma estela romana reaproveitada na época islâmica – encontra-se exposta no Museu da Cidade e foi encontrada, em 1939, entre duas torres, na zona ocidental do Castelo de S. Jorge.
É provável que estivesse encastrada na muralha ou sobre uma porta que aqui pudesse ter existido.
As obras documentadas neste texto e o local onde a mesma foi recuperada, bem como as descrições dos geógrafos e os relatos dos cruzados do século XII, confirmam a existência de uma cidade murada que se estendia até ao rio e uma alcáçova, situada no ponto mais alto, cingida, igualmente, por uma cintura de muralhas.
A fortaleza foi conquistada por D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, em 1147.
Mais tarde, por iniciativa do rei D. Fernando, ampliou-se a linha de muralhas da cidade de Lisboa, a Oeste e Este da Cerca Velha ou Cerca Moura, com o objetivo de proteger a cidade em expansão.
Esta nova muralha, construída em 1373, tinha 46 portas e 77 torres.
No ângulo da muralha Oeste com a muralha Sul do Castelo de S. Jorge, parte um troço da muralha que desce a encosta rumo a Sudoeste e onde se situa a Torre de São Lourenço que protegia uma porta, entretanto desaparecida.
Este troço de muralha e o troço que delimita uma parte da Praça Nova, integram as obras de ampliação e reforço da defesa de Lisboa, que o rei D. Fernando empreendeu.
Esta nova cintura de muralhas é comummente conhecida como muralha fernandina evocando o monarca que a promoveu e patrocinou.
Corresponde à porta principal do recinto da Alcáçova que seria inicialmente localizada um pouco mais acima que a atual.
A sua representação iconográfica mais antiga remonta ao século XVI.
Reconstruída em 1831 a obra só foi terminada 15 anos depois, já no tempo da rainha D. Maria II.
A porta é constituída por um arco de volta perfeita, decorada com mármores que pertenceram a uma das capelas do convento dos Lóios e rematada por uma pedra de armas reais.
Sobre o fecho do arco ainda se conserva a inscrição 4 / 4º / 1846 / D. Maria II e nas paredes exteriores outras duas dedicadas ao Duque da Terceira e ao Conde de Tomar.
Porta de configuração ogival e de arestas biseladas sobrepujada pela esfera armilar do rei D. Manuel (1495-1521). A porta é ladeada por muros com seteiras, onde se encontra, na face exterior do muro, do lado esquerdo, uma pedra de Armas de D. Afonso III.
Porta de configuração ogival e de arestas biseladas rematada por pedra armoriada real, seiscentista.
Localiza-se junto ao Núcleo Arqueológico (Praça Nova) e dá acesso à Igreja de Santa Cruz.
O templo teria sido edificado no tempo de D. Afonso Henriques sobre uma antiga mesquita. Caiu com o terramoto e foi reconstruído em 1776. A torre sineira da Igreja de Santa Cruz é uma torre da cerca do Castelo, adaptada.
Porta localizada da zona Norte da cerca, junto ao ângulo nordeste do Castelo, encostada à Torre da Cisterna.
A porta, de arco redondo, foi descoberta e desentulhada durante as obras de 1939.
Documenta um acesso importante, por este lado da fortaleza, que podemos relacionar com um via, hoje desaparecida, que ligava a alcáçova ao arrabalde Norte da cidade.
É uma das portas da Alcáçova.
A Porta do Moniz é uma antiga porta da cerca Moura e uma das portas de acesso à Praça Nova do Castelo de São Jorge.
Está associada a uma lenda que enaltece o feito de um cavaleiro português que, ao ter permanecido nesta entrada da muralha, entre as portas de madeira e resistido até à morte, permitiu a entrada do exército português na praça-forte.
Esta narrativa, que fez parte, por certo, da memória social, é hoje muito difícil de comprovar e foi contestada por muitos historiadores.
No entanto, a Porta do Moniz já tinha esta denominação numa escritura do tombo da Igreja de Santa Cruz do Castelo, datada de 1258.
Quem era Martim Moniz?
Martim seria filho de Monio e talvez se trate do filho de Monio Osorez de Cabrera e Maria Nunes de Grijó. Martim teria casado com Teresa Afonso que alguns genealogistas supõem ser uma filha bastarda de D. Afonso Henriques.
Considerado como o progenitor da família dos Vasconcelos, na segunda metade do século XVII, com o advento da nova dinastia que pôs fim ao domínio castelhano e numa altura em que o Castelo ocupou um lugar proeminente na propaganda mitificada de um Portugal que convinha glorificar através dos seus episódios gloriosos e dos seus heróis, João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa, figura destacada no contexto da Restauração, mandou colocar uma placa sobre a porta, onde se lê:
EL REI DO[M] AFONSO HENRIQUES MANDOU AQUI / COLOCAR ESTA STATUA E CABEÇA DE PEDRA EM / MEMÓRIA DA GLORIOSA MORTE QUE DO[M] MARTI[M] / MONIS PROGENITOR DA FAMÍLIA DOS VASCON/CELOS RECEBEU NESTA PORTA QUANDO A TRA/VESANDOSE NELA FRANQUEOU AOS SEUS A EN/TRADA COM QUE GANHOU AOS MOUROS ESTA / CIDADE NO ANO DE 1147.
JOÃO ROIZ DE VASCONCELOS E SOUSA CONDE DE CAS/TEL MELHOR SEU DÉCIMO QUARTO NETO POR BARO/NIA FES AQUI POR ESTA INSCRIPÇÃO NO ANNO DE 1646.
Sobre a lápide, num nicho, foi colocada, em tempo incerto, uma cabeça de uma estátua em mármore, representando Martim Moniz.