D. Afonso III
D. Afonso III, o quinto rei de Portugal (1248-1279), não estava destinado a suceder na Coroa como filho segundo de D. Afonso II.
Em 1227 partira para França, vivendo na corte de São Luís antes de casar com a Condessa de Boulogne-sur-Mer, em 1238.
A vida nestes círculos pô-lo em contacto com uma sofisticação palaciana e política até então desconhecidas em Portugal.
Regressado ao reino após a deposição do seu irmão, D. Sancho II, pelo papa, acabou por assumir o trono após a morte daquele, em 1248, empreendendo então a conquista das últimas praças do Algarve ainda em poder dos muçulmanos, em 1249.
Com a estabilização das fronteiras de Portugal, o monarca pôde dedicar mais tempo à organização política do país e, embora continuasse a deslocar-se pelas principais cidades e vilas do reino, era Lisboa que ganhava cada vez maior relevo, quer comercial, quer político, afirmando-se paulatinamente como a «cabeça do reino».
O rei terá realizado obras na Alcáçova (como testemunha o seu brasão, colocado junto da Porta do Espírito Santo), tendo em 1264 alienado algumas casas que aí detinha em favor do seu mordomo-mor, D. João Peres de Aboim, num diploma onde menciona, de forma inequívoca, a existência dos Paços Reais («Palatijs meis»). Era aí que habitava em 1277, aquando da deslocação a Portugal do legado papal Frei Nicolau Hispano, o qual se refere nas cartas que enviou para a Santa Sé ao «Palatium de Castellum» (isto é, o Paço da Alcáçova), e que acabaria por excomungar o monarca.