D. Afonso V
Com a morte prematura do antecessor, D. Afonso V foi proclamado rei.
Ainda menor, a regência foi entregue à mãe, D. Leonor de Aragão, e, mais tarde, ao tio, o infante D. Pedro. Assumiria, enfim, os destinos do reino, após vencer o tio na Batalha de Alfarrobeira, em 1449. Como em reinados anteriores, também o governo de D. Afonso V se caracterizou pela itinerância.
Em Lisboa, o Paço Real da Alcáçova, localizado no topo da colina do Castelo de São Jorge, constituía a principal residência régia. Aí dirigiu D. Afonso V várias campanhas de melhoramento e expansão. Foi estabelecida a Casa dos Leões, onde permaneciam dois felinos trazidos de África, que ali se conservavam no reinado de D. Manuel I, conferindo um toque de exotismo ao palácio.
No paço, fundou ainda uma livraria régia, gradualmente ampliada pelos sucessores, e também procedeu à renovação do mobiliário do arquivo régio, que funcionava na Torre do Tombo.
Enquanto centro político, o paço da Alcáçova recebeu assembleias de cortes e outros eventos relevantes do reino. Nele se realizaram, em 1451, os faustosos esponsais de D. Leonor, irmã de D. Afonso V, com Frederico III, o imperador da Alemanha, cujos festejos foram pormenorizadamente descritos pelo embaixador do noivo, Nicolau Louckman Wolkenstein.
Numa das suas câmaras, nasceu o príncipe herdeiro e futuro rei de Portugal, D. João II, em 1455.
E foi também numa ala do paço que viveu, até à morte, D. Joana de Trastâmara, a rainha destronada e exilada de Castela, noiva de D. Afonso V, num tempo em que o palácio já perdera a condição de primeira casa do rei.